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Os anos 60 registraram um dramático fluxo migratório do
campo para as cidades. Quando a década terminou, um re-
censeamento revelou a situação inédita: pela primeira vez, no
Brasil, havia mais gente vivendo em áreas urbanas do que em
zonas rurais. Semana após semana, milhares de pessoas troca-
vam as cidades do interior pelas capitais e, principalmente, os
estados pobres pelos mais ricos. Buscavam empregos nas
áreas onde a industrialização começava a despontar. Rota mo-
vimentadíssima era a que levava famílias inteiras do Nordeste
para as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Viajavam
como podiam, a maioria na caçamba de caminhões carregados
de tralhas, conhecidos como "paus-de-arara". Em 1968, só a
capital paulista recebia dez mil novos moradores a cada mês. O
fluxo Nordeste-Sudeste caiu quase pela metade nos anos 80
e, atualmente, é insignificante. A tendência desenhada nos
anos 60, entretanto, definiu o Brasil do século XXI.
O censo realizado pelo governo mostrou que, em 2000,
81% da população já vivia em áreas urbanas. Esse número
estará na casa dos 90% até 2020. A novidade é que, agora, não
são os estados mais desenvolvidos que atuam como polos de
atração. Nos últimos anos, o saldo migratório de São Paulo e do
Rio de Janeiro tem sido negativo. Há mais gente saindo do que
entrando. O inchaço populacional e a fuga de algumas empre-
sas − atraídas por generosos benefícios fiscais oferecidos por
outros estados − ajudaram a empurrar para fora das duas maio-
res cidades brasileiras milhares de pessoas.
As novas rotas migratórias apontam para o Pará, ao
Norte, Santa Catarina, ao Sul, e para os três estados do Centro-
Oeste − Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Em todos
esses casos, é a pujança do agronegócio que tem criado em-
pregos e atraído milhares de pessoas.
O país hoje está preparado para crescer de maneira
horizontal e equilibrada. Pela primeira vez as riquezas e as
oportunidades brotam por todo o território nacional.
(Adaptado de: Veja 40 anos, setembro de 2008, p. 117)