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Este Simulado UFMS foi elaborado da seguinte forma:

  • Categoria: Vestibular
  • Instituição: UFMS
  • Cargo: Vestibulando
  • Matéria: Diversas
  • Assuntos do Simulado: Diversas
  • Banca Organizadora: UFMS
  • Quantidade de Questões: 10
  • Tempo do Simulado: 30 minutos

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#227832
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(1,0) 1 - 

Leia o texto a seguir.

Hum? Eh-eh... É. Nhor sim. Ã-hã, quer entrar, pode entrar... Hum, hum. Mecê sabia que eu moro aqui? Como é que sabia? Hum-hum... Eh. Nhor não, n’t, n’t... Cavalo seu é esse só? Ixe. Cavalo tá manco, aguado. Presta mais não. Axi... Pois sim. Hum, hum. Mecê enxergou este foguinho meu, de longe? É. A’pois. Mecê entra, cê pode ficar aqui.

Hã-hã. Isto não é casa... É. Havéra. Acho. Sou fazendeiro não, sou morador... Eh, também sou morador não. Eu – toda a parte. Tou aqui, quando eu quero eu mudo. Aqui eu durmo. Hum. Nhém? Mecê é que tá falando. Nhor não... Cê vai indo ou vem vindo?

Hã, pode trazer tudo pra dentro. Erê Mecê desarreia cavalo, eu ajudo. Mecê peia cavalo, eu ajudo... Traz alforje pra dentro, traz saco, seus dobros. Hum, hum Pode. Mecê cipriuara, homem que veio pra mim, visita minha; iá-nhã? Bom. Bonito. Cê pode sentar, pode deitar no jirau. Jirau é meu não. Eu – rede. Durmo em rede. Jirau é do preto. Agora eu vou ficar agachado. Também é bom. Assopro o fogo. Nhem? Se essa é minha, nhem? Minha é a rede. Hum. Hum-hum. É. Nhor não. Hum, hum... Então, por que é que cê não quer abrir saco, mexer no que tá lá dentro dele? Atié Mecê é lobo gordo... Atié... É meu, algum? Que é que eu tenho com isso? Eu tomo suas coisas não, furto não. A-hé, a-hé, nhor sim, eu quero. Eu gosto. Pode botar no coité. Eu gosto demais...

ROSA, João Guimarães. Meu tio o Iauaretê. In.: ______. Estas histórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 191. (Fragmento)

O conto “Meu tio o Iauaretê” é considerado um dos momentos primorosos da concepção de estilo do escritor João Guimarães Rosa. A partir do fragmento que dá início ao conto, é correto afirmar que:

  • a) Como já é de conhecimento no senso comum, são empregados pelo escritor inúmeros neologismos, como “jirau”, “aguado” e “coité”, presentes no fragmento apresentado.
  • b) É notável que houve um trabalho estilístico, na medida em que são imperceptíveis as escolhas fonéticas, morfológicas ou sintáticas que diferenciam a linguagem empregada no trecho em questão da norma padrão do português brasileiro.
  • c) O narrador expressa-se em primeira pessoa e o fragmento do conto dá a entender que se trata de um diálogo, como se pode perceber por marcas do registro oral tal qual “Hum?”, “Eheh” e “n’t n’t”, que buscam representar sons da fala. No entanto, apesar de perceber que o narrador está conversando com alguém (“Mecê é que tá falando. [...] Cê vai indo ou vem vindo?”), o leitor não tem acesso às falas do interlocutor.
  • d) A utilização de termos como “hã-hã”, “hum-hum”, “erê”, “Axi” ou “a-hé” não tem função na linguagem fora do contexto literário, visto que tais expressões não são encontradas na língua falada e referem-se, exclusivamente, a criações do escritor com fins puramente estéticos
  • e) Os caracteres telegráficos, perceptíveis por meio do emprego de frases curtas e intercaladas, coadunados ao uso excessivo de expressões que buscam representar a fala, denotam o emprego de uma linguagem tipicamente jornalística, própria da experiência profissional do escritor.
#227833
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(1,0) 2 - 

Leia o texto seguir.

Você tem treze anos. Os membros crescem em uma relação díspar, como se estivessem competindo entre si, mas fossem muito diferentes nas competências que os fazem avançar. Os pés crescem mais rápido que as próprias pernas; o nariz dispara com larga vantagem em relação ao resto dos demais elementos que constituem a face; os braços se alongam de uma maneira que faz o tronco parecer pequeno demais para os anexos que carrega. Aqui e ali, pelos começam a surgir sem um padrão aparentemente definido: pernas, braços, axilas. A sombra de uma barba começa a se pronunciar timidamente. Na barriga, um rastilho de pólvora. Com treze anos, talvez você pense em garotas. Talvez você pense em garotos. Talvez você não saiba muito bem o que pensar ou, até mesmo, pensar seja a última coisa que você cogite quando o assunto são garotas. Ou garotos. Talvez seus pés enormes e desproporcionais ainda não estejam crescidos o suficiente para chegar do outro lado da linha. O lado que você tem convicção de certas coisas, o lado em que você já avançou o suficiente para não sentir falta daquilo que precisa deixar para trás ou para se sentir atraído por tudo aquilo que está por vir. Talvez você ainda não tenha avançado o suficiente, mesmo com seus pés enormes, para saber o que é a língua de uma garota, ou de um garoto, operando movimentos circulares e molhados dentro da sua boca. Vagando por essa área nebulosa em que você já não é mais exatamente o que era, mas também não é plenamente o que pode vir a ser [...].

TIMM, André. Modos inacabados de morrer. Rio de Janeiro: Oito e meio, 2016, p. 13. (Fragmento)

O romance Modos inacabados de morrer (2016), do gaúcho, radicado em Santa Catarina, André Timm, destaca-se no cenário da literatura brasileira, tendo sido finalista do Prêmio São Paulo de Literatura em 2017. Com base no fragmento apresentado, é INCORRETO afirmar que:

  • a) O fragmento apresenta, do ponto de vista temático, dúvidas próprias de uma fase da vida, a adolescência, em que aspectos ligados ao desenvolvimento do corpo, do caráter e da personalidade do indivíduo são questionados, dado o período de transição entre a infância e a maturidade.
  • b) O fragmento apresenta, ao lançar mão do recurso da enumeração, as impressões sobre a modificação do corpo; ora sob o viés da desproporcionalidade entre os membros superiores e inferiores, ora apresentando uma gradação sobre o surgimento de pelos: “pernas, braços e axilas”, “sombra de uma barba”, “na barriga, um rastilho de pólvora”, como que na tentativa de conferir ordem ao caos das transformações.
  • c) O emprego de pronomes como “aqui” e “ali”, de advérbios como “talvez” e “aparentemente” e de formas verbais condicionais como “se estivessem” e “fossem” acaba por criar, juntamente com os demais elementos descritivos empregados, um efeito de realismo e clareza em que o narrador se expressa sem margem para a subjetividade.
  • d) O uso da segunda pessoa do discurso pode causar o efeito de aproximação do leitor com a situação narrada. À medida que a narrativa progride, o uso reiterado do pronome “você” pode agir no sentido de posicionar o leitor no lugar desse “tu” a que o narrador se dirige
  • e) Dentre os questionamentos apresentados no fragmento, dois apresentam-se como relevantes, devido ao fato de serem retomados: a desproporção do tamanho dos pés, repetida em “talvez seus pés enormes” e “mesmo com seus pés enormes”, e a dúvida sobre a sexualidade, repetida em “quando o assunto são garotas. Ou garotos” e “para saber o que é a língua de uma garota, ou de um garoto”
#227834
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(1,0) 3 - 

Leia os textos a seguir.

Caiu da escada e foi para o andar de cima MYRTES, Adrienne. Sem título. In.: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004, p. 02.

Uma vida inteira pela frente. O tiro veio por trás. MOSCOVICH, Cíntia. Sem título. In.: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004, p. 16

Não podendo eliminar o resto da humanidade, suicidou-se. MATTOSO, Glauco. O eutanazista. In.: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004, p. 02.

Diz-se com frequência que a linguagem contemporânea é dinâmica, rápida. Com o uso constante de mídias digitais, principalmente por meio dos aparelhos celulares, nos comunicamos com maior frequência por meio de mensagens rápidas, curtas. Algumas redes sociais, como o Twitter, exploram essa característica e limitam o usuário a postagens de até 140 caracteres. Em 2004, o escritor Marcelino Freire desafiou ficcionistas e poetas a criarem histórias inéditas, fazendo uso de até cinquenta letras (sem contar título e pontuação). Com base nos três textos acima, retirados da obra intitulada Os cem menores contos brasileiros do século, é possível afirmar que, no que tange ao leitor, os microcontos exigem:

  • a) o acompanhamento de um texto complementar, necessariamente, pois carecem de contexto de significação.
  • b) ser lidos como poesia, na medida em que são apresentados em verso, o que caracteriza distintivamente o gênero lírico
  • c) o distanciamento do leitor, uma vez que os textos trazem todas as informações necessárias à interpretação explicitamente.
  • d) a identificação do título, como acontece no microconto de Glauco Mattoso, não sendo possível interpretar os demais.
  • e) a participação ativa do leitor, uma vez que os textos dependem das pressuposições ou relações que o leitor faz para preencher informações que não são dadas explicitamente.
#227835
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(1,0) 4 - 

Leia atentamente o texto informativo a seguir.

Nosso símbolo

O nome já deixa evidente a origem indígena da bebida consumida diariamente por sulmato-grossenses de todos os cantos. O tereré só se tornou símbolo do Estado porque os índios guaranis aprenderam a domesticar a erva-mate.

Depois da Guerra do Paraguai, Tomás Laranjeira consegue a concessão de aproximadamente 8 milhões de hectares da região sul-fronteira para explorar a planta. Posteriormente, funda a Companhia Mate Laranjeira, que exporta grande volume para Argentina e para o Uruguai. O professor da UFMS Antônio Hilário Urquiza destaca que 70% da mão de obra utilizada nos ervais era guarani, que já tinham prática na lida.

“Os guaranis que domesticaram a erva-mate, que criaram o tereré, o chimarrão. Não qualquer índio. Foram os guaranis que estão aqui no nosso Estado. E hoje [o tereré] é um símbolo da juventude, da gastronomia, um símbolo identitário do nosso Estado. E é indígena”, reforça o professor e antropólogo. [...]

(Correio do Estado. Caderno especial “MS 41 anos”, 11 out. 2018).

A respeito dos sentidos construídos por esse texto, cujo objetivo maior é o de informar os leitores a respeito do tereré como elemento identitário de Mato Grosso do Sul, é possível afirmar que:

  • a) entre a expressão empregada no título (nosso símbolo) e a que se encontra em suas linhas iniciais (símbolo do estado), não se verifica nenhuma diferença no que se refere ao grau de subjetividade.
  • b) de acordo com suas informações, não fosse a contribuição de grupos indígenas diversos, o tereré não teria alcançado a importância que possui para Mato Grosso do Sul.
  • c) os índices numéricos expostos no segundo parágrafo não apresentam nenhuma informação adicional em relação aos dados expostos no trecho anterior.
  • d) a referência a um professor na área de estudos antropológicos constitui-se como uma estratégia para conferir maior credibilidade às informações apresentadas.
  • e) na transcrição da fala do professor, nota-se o seu esforço para caracterizar o tereré como um símbolo de alcance restrito no âmbito do estado sul-mato-grossense.
#227836
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(1,0) 5 - 

Analise os elementos empregados na construção da letra da canção e assinale a alternativa correta.
A Via Láctea

Quando tudo está perdido

Sempre existe um caminho

Quando tudo está perdido

Sempre existe uma luz

Mas não me diga isso

Hoje a tristeza não é passageira

Hoje fiquei com febre a tarde inteira

E quando chegar a noite

Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros

E rir das desgraças da vida

Ou fingir estar sempre bem

Ver a leveza das coisas com humor

Mas não me diga isso

É só hoje e isso passa

Só me deixe aqui quieto isso passa

Amanhã é um outro dia, não é?

Eu nem sei porque me sinto assim

Vem de repente um anjo triste perto de mim

E essa febre que não passa

E meu sorriso sem graça

Não me dê atenção

Mas obrigado por pensar em mim

Quando tudo está perdido

Sempre existe uma luz

Quando tudo está perdido

Sempre existe um caminho

Quando tudo está perdido

Eu me sinto tão sozinho

Quando tudo está perdido

Não quero mais ser quem eu sou

Mas não me diga isso

Não me dê atenção

E obrigado por pensar em mim

(LEGIÃO URBANA. A tempestade ou O livro dos dias (álbum). Rio de Janeiro: EMI Music Ltda, 1996).

  • a) Nos versos iniciais, predomina uma relação de valor causal na articulação entre os seus enunciados, revelando a importância dos elementos mencionados para o sujeito da letra.
  • b) Nela, recorre-se à metáfora para explicitar o estado melancólico do sujeito, conforme se evidencia na associação construída entre os vocábulos “lágrima” e “estrela”.
  • c) O enunciado “Quando tudo está perdido”, repetido por seis vezes ao longo da letra da canção, remete ao estado de desesperança em que o sujeito se encontra.
  • d) As figuras “anjo triste” e “sorriso sem graça” destoam de outras que se verificam no texto, em razão de conferirem traços que alimentam a crença do sujeito na reversão do estado vivido.
  • e) A construção da letra da canção como um diálogo contribui para atenuar a sensação de melancolia a que o sujeito se vê exposto.
#227837
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(1,0) 6 - 

A poesia de Manuel Bandeira, marcada pela simplicidade no modo de dizer, alcança grau considerável de lirismo e de subjetividade ao tratar de cenas do cotidiano, como pode ser notado no exemplo que segue:
Poema de Finados
Amanhã que é dia dos mortos

Vai ao cemitério. Vai

E procura entre as sepulturas

A sepultura de meu pai.

Leva três rosas bem bonitas.

Ajoelha e reza uma oração.

Não pelo pai, mas pelo filho:

O filho tem mais precisão.

O que resta de mim na vida

É a amargura do que sofri.

Pois nada quero, nada espero.

E em verdade estou morto ali.

(BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. 20 ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1993. p. 144-5).


Ao observar a relação entre o conteúdo do Poema de Finados e seus aspectos formais, pode-se afirmar que:

  • a) a organização métrica irregular dos versos que o compõem encontra ressonância no estado de espírito que o sujeito lírico vivencia.
  • b) ao se apresentar como uma espécie de diálogo com seu leitor, o texto opta pelo registro em uma linguagem cuja característica predominante é a de sua informalidade.
  • c) a presença de vocábulos que se vinculam ao campo de sentidos evocado pelo título contribui para o efeito de unidade do texto.
  • d) a expectativa construída a respeito da memória do pai, após sua morte, permanece ao longo das três estrofes do poema.
  • e) a estrutura de diálogo na qual o texto se apresenta restringe suas escolhas verbais à primeira e à segunda pessoas.
#227838
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(1,0) 7 - 

“Quincas Borba”, considerada uma das grandes obras da fase áurea do escritor Machado de Assis, põe em cena a história de Rubião, um modesto professor de Barbacena, cidade no interior de Minas Gerais, que, ao receber uma herança inesperada do amigo Quincas Borba, resolve mudar para o Rio de Janeiro – na época, centro da vida política e econômica brasileira. Ali, encontra dificuldades para adaptar-se ao modo de ser dos que convivem com o poder, tornando-se uma vítima de aproveitadores que se fazem passar por amigos, caso, sobretudo, do casal Cristiano e Sofia Palha. O capítulo transcrito a seguir é o último do livro. Nele se encontra uma espécie de síntese da narrativa, ao se elencarem personagens centrais da trama a partir da notícia da morte do cão Quincas Borba, cujo nome é o mesmo de seu primeiro dono, que foi herdado por Rubião. “Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que adoeceu também, ganiu infinitamente, fugiu desvairado em busca do dono, e amanheceu morto na rua, três dias depois. Mas, vendo a morte do cão narrada em capítulo especial, é provável que me perguntes se ele, se o seu defunto homônimo é que dá título ao livro, e por que antes um que outro, - questão prenhe de questões, que nos levariam longe... Eia! chora os dois recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso, rite. É a mesma coisa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens.” (MACHADO DE ASSIS. Quincas Borba. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2012. p. 344).

Apesar de Machado de Assis construir parte significativa de sua obra ainda em fins do século XIX, é possível já verificar, em seus textos, o emprego de recursos próprios da literatura moderna. A esse propósito, sobre o trecho em questão, pode-se afirmar que:

  • a) a projeção de um leitor hipotético no corpo do texto confere traços de indeterminação à narrativa, atualizando uma questão central do enredo, como se este continuasse em aberto.
  • b) o exercício de reflexão em torno da metalinguagem, convida o leitor a refletir sobre esse ponto.
  • c) ao tratar, inicialmente, da morte do cão, criatura querida dos personagens, em seus últimos momentos, de um modo repleto de ternura, o narrador chama atenção para a necessidade de humanização de alguns aspectos da vida em sociedade.
  • d) a identificação de reações contrárias por parte do leitor (chorar/rir), decorrentes de um mesmo acontecimento, aponta para a criação de uma imagem complexa do ser humano em meio às relações sociais.
  • e) a parte final do capítulo visa a funcionar como uma espécie de ensinamento moral, desdobrado de toda a história que o precedeu, a ser apreendido pelo leitor, em função do valor universal que acompanha esse desfecho.
#227839
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(1,0) 8 - 

Em A hora da estrela, de Clarice Lispector, acompanhamos a história de Macabeá, jovem nordestina que vive, no Rio de Janeiro, uma existência solitária e anônima, marcada por privações de todo o tipo. Nessa obra, a escrita clariceana alterna momentos em que se expressa de um modo direto, próprio para remeter à dureza da vida de sua personagem central, como outros em que emprega diversos recursos afeitos à linguagem poética, como no relato do encontro de Macabéa com Olímpico de Jesus. “Maio, mês das borboletas noivas flutuando em brancos véus. Sua exclamação talvez tivesse sido um prenúncio do que ia acontecer no final da tarde desse mesmo dia: no meio da chuva abundante encontrou (explosão) a primeira espécie de namorado de sua vida, o coração batendo como se ela tivesse englutido um passarinho esvoaçante e preso. O rapaz e ela se olharam por entre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos, bichos da mesma espécie que se farejam. Ele a olhara enxugando o rosto molhado com as mãos. E a moça, bastou-lhe vê-lo para torná-lo imediatamente sua goiaba-com-queijo.” (LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. 23 ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995. p. 59).
A respeito do trecho acima, é correto afirmar que:

  • a) ao se referir à exclamação de Macabéa como um possível “prenúncio do que ia acontecer”, o narrador realça o traço de fatalidade que paira sobre as ações e a vida da personagem no desenrolar da história.
  • b) a suavidade que se depreende da frase inicial acaba por conferir a todo o parágrafo um sentido romântico, criando o ambiente necessário para o primeiro encontro entre Macabéa e Olímpico.
  • c) a comparação que associa o bater do coração a um pássaro, ao mesmo tempo, livre e preso aponta diretamente para a simplicidade do sentimento amoroso, o que marca as ações de Macabéa ao longo da narrativa.
  • d) a imagem “bichos da mesma espécie que se farejam”, remetendo à condição nordestina de Macabéa e Olímpico, revela um preconceito do narrador em torno da origem desses personagens.
  • e) ao atribuir a Macabéa um olhar sobre Olímpico como “sua goiaba-com-queijo”, o narrador indica uma de suas características marcantes ao longo da história, a de mulher apegada às coisas fúteis da vida.
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(1,0) 9 - 

A questão refere ao seguinte fragmento de texto:

Em termos muito simples, podemos dizer que o amor é um horizonte de compreensão que tem em vista a real dimensão do outro, que não o inventa em uma projeção, que permanece aberto ao seu mistério. Se o amor é aberto ao outro, o ódio é fechado a ele. Tendemos a não querer ver o ódio que nos fecha porque ele nos diminui. “Não querer ver” é uma armadilha, pois todos somos afetados pelo ódio e contribuímos com a nossa parte para a sua persistência (TIBURI, Marcia. Odiar, verbo intransitivo. Revista Cult, n. 20, ano 18, p. 59, set. 2015. Fragmento).

Assinale a alternativa correta sobre as relações de coesão estabelecidas no texto.

  • a) Em “Se o amor é aberto ao outro, o ódio é fechado a ele”, o pronome “ele” retoma “amor”.
  • b) O pronome “sua”, em “sua persistência”, refere-se ao leitor.
  • c) No primeiro período do texto, o pronome “o” e o pronome “seu” referem-se a “amor”.
  • d) O pronome relativo que introduz as três últimas orações do primeiro período (“que”, nas três) retoma, respectivamente, “horizonte de compreensão”, “outro” e “projeção”.
  • e) Nas três últimas orações do primeiro período, o pronome relativo “que” retoma “horizonte de compreensão”. Assim, o pronome “o” e o pronome “seu” referem-se a “outro”.
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(1,0) 10 - 

A questão refere ao seguinte fragmento de texto:

Em termos muito simples, podemos dizer que o amor é um horizonte de compreensão que tem em vista a real dimensão do outro, que não o inventa em uma projeção, que permanece aberto ao seu mistério. Se o amor é aberto ao outro, o ódio é fechado a ele. Tendemos a não querer ver o ódio que nos fecha porque ele nos diminui. “Não querer ver” é uma armadilha, pois todos somos afetados pelo ódio e contribuímos com a nossa parte para a sua persistência (TIBURI, Marcia. Odiar, verbo intransitivo. Revista Cult, n. 20, ano 18, p. 59, set. 2015. Fragmento).

A alternativa correta com relação à estrutura sintática e de significação dos enunciados é:

  • a) as três últimas orações do primeiro período são subordinadas à oração principal (“Em termos muito simples, podemos dizer”), funcionando como complementos do verbo “dizer”.
  • b) as três últimas orações do primeiro período são de valor restritivo e, entre elas, há relação de adição.
  • c) das três últimas orações do primeiro período, a primeira é de valor restritivo; as demais são explicativas, conforme se pode confirmar pela presença da vírgula que as antecede.
  • d) a oração “Se o amor é aberto ao outro” indica a condição para o fato expresso em “o ódio é fechado a ele”, enquanto em “porque ele nos diminui” temos a causa de “que nos fecha”.
  • e) as orações “porque ele nos diminui” e “pois todos somos afetados pelo ódio” indicam a causa dos processos expressos nas orações a que se vinculam nos respectivos períodos.