(1,0) 1 -
CamelôsAbençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:O que vende balõezinhos de corO macaquinho que trepa no coqueiroO cachorrinho que bate com o raboOs homenzinhos que jogam boxeA perereca verde que de repente dá um pulo queengraçadoE as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisaalguma.Alegria das calçadasUns falam pelos cotovelos:— “O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vaibuscar umpedaço de banana para eu acender o charuto.Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...”Outros, coitados, têm a língua atada.Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tinoingênuo dedemiurgos de inutilidades.E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos dameninice...E dão aos homens que passam preocupados ou tristesuma lição de infância.BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque
Recuperar senha