As reservas internacionais em moeda forte
funcionam como um seguro que o Brasil contrata para se
proteger contra eventuais ataques especulativos e crises
abruptas. Foi graças ao acúmulo desses recursos que o Brasil
pôde decretar o fim de sua dívida externa. Na última crise
financeira que atingiu o Brasil, em 2002, essa poupança era
bem mais modesta. Excluídos os empréstimos do Fundo
Monetário Internacional (FMI), ela não passava de 16
bilhões de dólares; na semana passada, chegou a 190 bilhões
de dólares, dinheiro acumulado graças ao superavit na
balança comercial. Entretanto, apesar da máxima de que
quanto maiores as reservas internacionais dos países, menor
o risco de eles sofrerem uma crise financeira, os especialistas
alertam que as economias emergentes, incluída a brasileira,
já ultrapassaram em muito o valor que se imaginava
adequado para essa espécie de “seguro”.
Giuliano Guandalini. Elas valem quanto pesam.
In: Veja, 5/3/2008, p. 88 (com adaptações).