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(UEG PC GO/2013)
João boi
1 Sem outra saída, Nastaço acabou por proferir a copla, que era assim:
2 Quem quisé tocá seu gado
3 Chama um vaqueiro daqui
4 Que saino desse lado
5 Nunca chega daí;
6 O gado que sai contado
7 Dana logo pra sumi.
8 O final do recitado foi coberto pela risalhada dos trabalhadores, mas assim que a lereia findou, se ouviu
9 a fala brabosa do Zeca-vaqueiro:
10 – Ocês tão se rino! Apois nós tudo devia é de tá chorano, que isso é uma desmoralização para mim
11 pro Clódio, pro Nastaço, pro Lôro, pra todos nós que somos vaqueiros velhos, pai de família, de bigode e
12 barba prinspiando a ruçar. Eu vou dizê procês, se o Violeiro cantar isso na minha frente, por Deus do céu,
13 que eu tampo um trem na viola dele que é pra ele nunca mais estuciar uma ofensa dessa!
14 – Calma, calma! – ponderou o patrão sempre se rindo. Também é preciso pensar um pouco, que no
15 final das contas, de vera, é mesmo uma coisa sem explicação a mudança desse gado. No apuro do azeite,
16 já é a terceira vez que um bando de vaqueiros dos mais famanã se empenha em levar pra outra fazenda
17 quarenta vacas parideiras e esse gado costeado e manso revira nos pés, arriba no mato e larga os
18 vaqueiros falando sozinhos. Homem, vamos e venhamos, isso tem lá cabimento! Um erro qualquer tá
19 assucedendo
ÉLIS, Bernardo. Joãoboi. Melhores contos de Bernardo Élis. São Paulo: Global, 2003. p. 123-124
No que diz respeito à variedade linguística empregada pelo personagem Zeca-vaqueiro (linhas 10-13), constata- se que predomina uma linguagem