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Questões CONDER-BA de Português | 24343

#24343
Banca
FGV
Matéria
Português
Concurso
CONDER-BA
Tipo
Múltipla escolha
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Dizia, em meio a outras coisas, que sem crítica não se

pode desenvolver um gosto, pois que ele é uma

construção. Em outras palavras: ausente o espírito crítico,

passa a valer tudo – inclusive as empulhações do nosso

tempo, como a promoção da subliteratura, o horror

musical, a infâmia generalizada na área das artes plásticas

etc. E, dias depois, li um livro – “A literatura e os deuses” –

que me iluminou particularmente sobre essas questões.

A falta de crítica (portanto, de uma educação bem

fundamentada) impede, entre outras coisas, uma clara

visão da cultura e da arte. Ficamos meio cegos, incapazes

de perceber seja o que for acima da mediocridade. E aqui

entra o livro a que me referi, abordando episódio contado

por Apolônio de Rodes sobre os argonautas.

Então eles, os heróis, chegaram a uma ilha deserta

chamada Tinis, ao alvorecer. Estenderam?se na praia para

descansar – e eis que surge o deus Apolo: “Áureos cachos

flutuavam, enquanto avançava; na mão esquerda

segurava um arco de prata, às costas levava uma aljava; e,

sob os seus pés, toda a ilha fremia, e as ondas se

agigantavam na praia.” Quando o deus se vai, voando

sobre o oceano, os heróis, por sugestão de Orfeu,

consagram?lhe a ilha e oferecem?lhe um sacrifício.

Comenta o autor do livro: “Todos têm a mesma visão,

todos sentem idêntico terror, todos colaboram na

construção do santuário. Mas o que ocorre se não existem

argonautas, se não existem mais testemunhas de tal

experiência?”

Os heróis puderam ver Apolo porque tinham seus

espíritos preparados para o que está além do terrestre e

imediato. Apolo é o patrono das artes, o deus da

inspiração, entre outras coisas. Em terra de gente que lê

sem ler, que ouve sem ouvir, que vê sem ver, ele costuma

permanecer invisível. Como no Brasil, cujos gestores e

políticos promovem apenas o entretenimento vazio,

relegando ao ostracismo a Educação e as Artes –

temerosos de que o eleitor venha a ser um dia capaz de

olhares altos e lúcidos como os dos argonautas...

 

(Ruy Espinheira Filho. Adaptado)

"Comenta o autor do livro: 'Todos têm a mesma visão, todos sentem idêntico terror, todos colaboram na construção do santuário. Mas o que ocorre se não existem argonautas, se não existem mais testemunhas de tal experiência? '"


Com relação à pergunta formulada no fragmento acima, é correto afirmar que