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Fui sentar-me numa prensa de farinha que havia no fundo do nosso quintal. Tentei chorar, mas não tinha vontade de chorar. Esperava espantado, imaginando a vida que ia suportar sozinho neste mundo. Sentia frio e pena de mim mesmo. A casa era dos outros, o defunto era dos outros. E eu estava ali como um bichinho abandonado, encolhido na prensa que apodrecia. Ouvia o barulho de um descaroçador de algodão, próximo, no Cavalo-Morto. E via o corredor da nossa casa, por onde passavam a batina de padre Inácio, a farda de cabo José da Luz, o vestido vermelho de Rosenda e o capote do velho Acrísio.(Fonte: Angústia, de Graciliano Ramos. Editora Record, 2004)O parágrafo acima serve como exemplo de uma sequência de frases que combinam aspectos pertinentes na construção do texto literário. O personagem-narrador descreve as poucas ações da cena e faz reflexões sobre sua vida. Os tempos verbais no pretérito contribuem para essa caracterização, que mudaria se o escritor optasse por empregar verbos no presente.Na hipótese de reescrever o trecho substituindo-se os verbos do pretérito por verbos no presente, o resultado textual seria o seguinte:
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