Texto II, para responder às questões 3 e 4.
Em nosso país, são centenas de milhares de
crianças institucionalizadas que aguardam a adoção, um
sonho cada vez mais improvável para a maioria delas. Os
poucos casais que se decidem por adotar uma criança
procuram, invariavelmente, bebês recém-nascidos,
preferencialmente brancos, sadios e perfumados.
As crianças maiores, abandonadas, negligenciadas
ou vitimadas pela violência ou abuso sexual, estão em regra
condenadas a crescer dentro de instituições. Ali, por melhor
que seja o trabalho desenvolvido, por maiores que sejam os
esforços e a generosidade dos que lhes oferecem atenção e
cuidado, essas crianças estarão desprovidas do fundamental:
carinho e referência familiar.
Conversei, demoradamente, com dezenas delas.
Devo dizer que é muito dolorido. Os pequenos te cercam,
perguntam se você será o pai delas, disputam o teu colo ou a
garupa como que implorando pelo toque físico, te convidam
para voltar, te perguntam se você irá passear com elas. Meu
Deus!
Ao contrário dos presídios, dos manicômios e
mesmo das FEBEMs, a sensação, quando da saída dos
abrigos, não era de indignação ou revolta, mas, apenas, de
uma avassaladora tristeza.
Marcos Rolim. Os filhos da solidão, 12/12/2001.
Internet: <www.rolim.com.br> (com adaptações).