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Os seres humanos não podem viver sem ficções - mentiras que parecem verdades e verdades que parecem mentiras. E, graças a essa necessidade, existem criações maravilhosas como as belas artes e a literatura, que tornam mais suportável a vida das pessoas. Mas há as ficções benignas, como as que saíram dos pincéis de um Goya ou da pena de um Cervantes, e aquelas malignas, que negam sua natureza subjetiva, ideal e irreal e se apresentam como descrições objetivas, científicas, da realidade.
Mais recentemente, tivemos muitas oportunidades de ver os efeitos perniciosos das ficções malignas, disseminadas por alguns gurus, que dizem respeito principalmente à economia como um todo. A mais recente é a de Paul Krugman que, em sua coluna no New York Times, anunciou um próximo "corralito" na economia espanhola, o que por acaso contribuiu para acelerar a fuga de capitais da Espanha e deve ter deixado estupefatos muitos dos seus admiradores que ainda não tinham percebido que também os ganhadores do Nobel de Economia, quando se transformam em ícones da mídia, às vezes dizem bobagens.
Quanto às “ficções benignas”, a ideia que está por detrás do jogo de palavras – ... mentiras que parecem verdades e verdades que parecem mentiras... –, é a de criações de situações