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Simulado UFGD | VESTIBULAR

Simulado UFGD

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Este Simulado UFGD foi elaborado da seguinte forma:

  • Categoria: Vestibular
  • Instituição: UFGD
  • Cargo: Vestibulando
  • Matéria: Diversas
  • Assuntos do Simulado: Diversas
  • Banca Organizadora: UFGD
  • Quantidade de Questões: 10
  • Tempo do Simulado: 30 minutos

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#228562
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(1,0) 1 - 

Leia o texto a seguir.

Quase 85 mil pessoas chegaram à Itália, que afirmou na semana passada estar sobrecarregada, e pediu ajuda de outros países europeus.

Mais de 100 mil migrantes e refugiados chegaram desde janeiro à Europa depois de atravessar o Mar Mediterrâneo, e 2.247 morreram ou são considerados desaparecidos depois que tentaram a travessia [...].

Quase 85 mil chegaram às costas italianas, 9.300 na Grécia e 6.300 desembarcaram na Espanha. No total, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) calcula em 101.210 o número de chegadas [...].

No mesmo período de 2016 - entre 1 de janeiro e 3 de julho - o número de chegadas à Europa foi duas vezes superior (231.503). A diferença este ano é que quase 85% dos migrantes desembarcaram na Itália, enquanto em 2016 a maioria chegou à Grécia. Na semana passada, a Itália ameaçou nesta impedir a entrada em seus portos de navios com bandeira estrangeira que transportam migrantes resgatados no Mediterrâneo.

O tema "não pode ser visto como um problema somente para a Itália, e sim como uma questão de toda a Europa", disse o diretor geral da OIM. A Guarda Costeira italiana, que coordena as operações de resgate no Mediterrâneo, explicou que inúmeros barcos estrangeiros, vários deles fretados por organizações não governamentais, participam destas operações.

Os migrantes são transportados a portos italianos, de onde costumam ser divididos nos vários centros de acolhida da península, que estão saturados. Dos 3.000 migrantes que morreram em todo o planeta desde o início do ano, mais de 2.200 perderam a vida quando tentavam chegar à Europa.

Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noti...; Acesso em: 15 set. 2017. (Adaptado)

No que se refere à questão da migração, assinale a alternativa correta.

  • a) Esses emigrantes ao chegarem à Europa buscam por empregos. Esses movimentos migratórios procuram apenas moradia em lugares mais quentes que os seus países de origem.
  • b) Esses movimentos migratórios estão fundamentados na busca por melhores condições de vida, além da fuga de guerras, fome e miséria.
  • c) Esse deslocamento da população ocorre apenas em função de diferenças no nível de desenvolvimento regional.
  • d) Esse movimento se trata da migração pendular.
  • e) Esse movimento se chama migração temerária em que há deslocamentos de pessoas em determinados períodos do ano para trabalharem e depois retornam após a realização do trabalho.
#228563
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(1,0) 2 - 

A Reserva Nacional do Cobre e Associados (RENCA) é uma área de 46.450 km² criada em 1984, incrustada em uma região entre os estados do Pará e do Amapá, e bloqueada aos investidores privados. A região tem potencial, segundo o governo, para exploração de ouro e outros minerais, entre os quais ferro, manganês e tântalo. Neste ano, a Renca foi extinta por meio de decreto em 23 de agosto. A repercussão negativa foi imediata. Organizações não governamentais e ambientalistas acusaram o governo de ceder a interesses comerciais e prejudicar o meio ambiente. Cinco dias após publicar a extinção da Renca, o governo anunciou a edição de outro decreto, que mantinha a extinção da reserva, mas tornava as regras para exploração mineral mais claras, segundo os ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente. Mas as críticas continuaram, o que levou o governo a revogar o decreto da extinção. Com a revogação, volta a valer o decreto de 1984, que criou a reserva e proibiu a exploração privada de minérios na área.

Com base nas informações sobre a Renca, assinale a alternativa que apresenta a(s) região(ões) brasileira(s) que compõe(m) essa Reserva Nacional.

  • a) Norte e Nordeste.
  • b) Nordeste.
  • c) Norte e Centro-Oeste.
  • d) Nordeste e Centro-Oeste.
  • e) Norte.
#228564
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(1,0) 3 - 

O furacão Irma, que se dirigia neste sábado (9) para a Flórida, onde se ordenou a evacuação de 6,3 milhões de pessoas, tocou a terra em Cuba horas antes, após deixar ao menos 25 mortos no Caribe.

O devastador furacão, que na sexta-feira (8) ocupava a categoria 5 (máxima), perdeu força e passou à categoria 3 na tarde deste sábado, após passar por Cuba.

Ao menos 25 pessoas morreram com a passagem de Irma: 12 na ilha franco-holandesa de San Martín, 6 nos territórios britânicos de Ultramar, 4 nas Ilhas Virgens americanas, 2 em Porto Rico e 1 em Barbuda.

Disponível em:<http://correio.rac.com.br/_con... nacional_ mundo/491599-confira-atrajetoria-do-furacao-irma.html> Acesso em: 21 set. 2017. (Fragmento).

O furacão Irma deixou um rastro de destruição por onde passou. Com base no texto, assinale a alternativa que apresenta o(s) continente(s) atingido(s) por esse furacão.

  • a) Europa e Ásia.
  • b) América e Europa.
  • c) América e Ásia.
  • d) América.
  • e) Ásia.
#228565
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(1,0) 4 - 

A sociedade moderna burguesa, surgida das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe, apenas estabeleceu novas classes, novas formas de opressão, novas formas de luta, em lugar das velhas. No entanto, a nossa época, a da burguesia, possui uma característica: simplificou os antagonismos de classes. A sociedade global divide-se cada vez mais em dois campos hostis, em duas grandes classes que se defrontam: a burguesia e o proletariado.

MARX, K.; ENGELS, F. O Manifesto do Partido Comunista – Jorge Zahar, 2006.

A passagem clássica do pensamento sociológico aponta o surgimento das classes sociais: burguesia e operariado. A partir da análise desse trecho, é possível considerar que

  • a) houve um avanço histórico em relação às épocas passadas, pois a simplificação dos antagonismos de classe reduziu os conflitos entre diferentes classes sociais na época moderna.
  • b) os antagonismos de classe seguem sendo os mesmos das épocas antigas, porém na época moderna há uma afinidade maior de interesses entre as classes sociais.
  • c) o trecho enfatiza a importância da luta de classes na análise das dinâmicas sociais da sociedade moderna.
  • d) a passagem mostra que a luta de classes se tornaria um aspecto residual nas análises das dinâmicas sociais.
  • e) a existência do antagonismo de classes indica que se deve adotar uma perspectiva funcionalista e compreensiva para se interpretar os posicionamentos das diferentes classes sociais.
#228566
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(1,0) 5 - 

Ao afirmarmos que o homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer que cada um de nós se escolhe, mas queremos dizer também que, escolhendo-se, ele escolhe todos os homens. De fato, não há um único de nossos atos que, criando o homem que queremos ser, não esteja criando, simultaneamente, uma imagem do homem tal como julgamos que ele deva ser.

SARTRE, J. P. O Existencialismo é um Humanismo. Edition Nagel, Paris, 1970.

Esse trecho se constitui como uma importante reflexão da ética existencialista, porque

  • a) traz a questão da escolha para o centro do agir ético, mostrando como nossas escolhas nos constituem e de como nossa responsabilidade sobre elas é maior do que comumente julgamos.
  • b) mostra como é importante saber o que desejamos e seguir nossos interesses de acordo com nossa individualidade, sem compromissos ou interferências externas.
  • c) aponta a importância da liberdade, pois o homem é condenado a ser livre, e, enquanto tal, nada pode restringir seu poder de escolha.
  • d) ao escolhermos a nós mesmos, não temos nenhuma responsabilidade para com as possíveis consequências de nossos atos em relação aos outros.
  • e) o filósofo avalia que o homem, ao enfatizar a escolha individual, torna-se individualista e incapaz de agir eticamente.
#228567
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(1,0) 6 - 

Leia o trecho a seguir de A máquina do mundo, poema de Carlos Drummond de Andrade, correspondente à quarta, quinta e sexta estrofes, e assinale a alternativa correta.

[...] a máquina do mundo se entreabriu

para quem de a romper já se esquivava

e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,

sem emitir um som que fosse impuro

nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção

contínua e dolorosa do deserto,

e pela mente exausta de mentar [...]

  • a) As expressões “pupilas gastas”, “mente exausta de mentar” e “quem” se referem à máquina do mundo, descrita pelo eu que fala (possivelmente o poeta), referido no poema pela expressão “impuro”.
  • b) O poema espelha aspectos da forma modernista inerente à obra do poeta Drummond, com estrofes e versos irregulares, sem rimas, livres e brancos.
  • c) A expressão “se entreabriu” dá a medida do quanto a máquina do mundo se revela ao eu que fala e que a viu, isto é, de modo tímido, sem se apresentar completamente, o que pode ser constatado ao longo do poema.
  • d) “Se entreabriu”, “abriu-se” e “sem emitir” são expressões que contêm verbos de ação, que estruturam o gênero do poema que, apesar de ser uma “tentativa de explicação do estar no mundo” feita pelo poeta, é mais narrativo que lírico.
  • e) A escolha do título do poema, “A máquina do mundo”, e das estrofes estruturadas com três versos é procedimento de intertextualidade que remete o poema à tradição lírica ocidental, relacionando-o à prosa de Camões e Dante Alighieri.
#228568
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(1,0) 7 - 

Analise os dois trechos a seguir da peça Quase ministro (encenada pela primeira vez em 1862), de Machado de Assis.

TRECHO 1

[...] Cena XIII

BASTOS: Aí chega S. Exa.

MARTINS: Meus senhores...

SILVEIRA: (apresentando Pereira) - Aqui o senhor vem convidar-te para jantar com ele.

MARTINS: Ah!

PEREIRA: É verdade; soube da sua nomeação e vim, conforme o coração me pediu, oferecer-lhe uma prova pequena da minha simpatia.

MARTINS: Agradeço a simpatia; mas o boato que correu hoje, desde manhã, é falso... O ministério está completo, sem mim.

TODOS: Ah! [...]

TRECHO 2

[...] SILVEIRA: Mas esperem: onde vão? Ouçam ao menos uma história. É pequena, mas conceituosa. Um dia anunciou-se um suplício [enforcamento]. Toda gente correu a ver o espetáculo feroz. Ninguém ficou em casa: velhos, moços, homens, mulheres, crianças, tudo invadiu a praça destinada à execução. Mas, porque viesse o perdão à última hora, o espetáculo não se deu e a forca ficou vazia. Mais ainda: o enforcado, isto é, o condenado, foi em pessoa à praça pública dizer que estava salvo e confundir com o povo as lágrimas de satisfação. Houve um rumor geral, depois um grito, mais dez, mais cem, mais mil romperam de todos os ângulos da praça, e uma chuva de pedras deu ao condenado a morte de que o salvara a real clemência. - Por favor, misericórdia para este. (apontando para Martins) Não tem culpa nem da condenação, nem da absolvição [...].

Considerando os dois trechos e ainda seus conhecimentos sobre essa obra, assinale a afirmativa correta.

  • a) Correspondem a trechos iniciais da peça de Machado, nos quais, respectivamente, o protagonista Martins dá a notícia frustrante da não nomeação de outro personagem para o cargo de ministro, e no qual Martins é apedrejado, por um grupo oportunista, em praça pública por não se tornar ministro.
  • b) Correspondem ao clímax do conto de Machado, que, a partir daí, encaminha-se para a finalização, em que se fica sabendo da participação de Martins no novo ministério e, consequentemente, de sua morte por engano, linchado pelo grupo de personagens oportunistas que o visitam em sua casa.
  • c) Correspondem ao clímax da peça de Machado, em que a tragicomédia se consuma, respectivamente, com a notícia inesperada da não nomeação de Martins, e com sua exemplar punição pelos demais personagens que, literalmente, apedrejam-no em praça pública.
  • d) Correspondem a trechos, respectivamente, do início e do final da tragédia de Machado, em que o aspecto dramático é ressaltado com elementos já conhecidos do público e dos personagens, a saber, o fato de Martins não conseguir ser ministro e de história contada por Silveira que envolve participação dos presentes em um apedrejamento.
  • e) Correspondem a trechos finais da peça de Machado, respectivamente, ao momento em que o próprio Martins dá a notícia de sua não nomeação ao cargo de ministro, e a uma anedota contada por Silveira, que relaciona ironicamente os visitantes interesseiros da casa de Martins com o povo da anedota.
#228569
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(1,0) 8 - 

Leia os trechos a seguir retirados do romance Cem anos de solidão (1967), de Gabriel Garcia Marques, e assinale a alternativa correta.

TRECHO 1

Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo.

TRECHO 2

[...] apesar de todo mundo considerá-lo louco, José Arcadio Segundo era naquele tempo o habitante mais lúcido da casa. Ensinou o pequeno Aureliano a ler e a escrever, iniciou-o no estudo dos pergaminhos e incutiu-lhe uma interpretação tão pessoal do que significou para Macondo a companhia bananeira que muitos anos depois, quando Aureliano se incorporasse ao mundo, haveria de se pensar que contava uma versão alucinada, porque era radicalmente contrária à falsa que os historiadores tinham admitido e consagrado nos textos escolares.

TRECHO 3

Muitos anos depois, esse menino haveria de continuar contando, sem que ninguém acreditasse, que tinha visto o tenente lendo com um megafone de vitrola o decreto Número 4 do Chefe Civil e Militar da província, assinado pelo General Carlos Cortes Vargas e pelo seu secretário, o Major Henrique García Isaza, que em três artigos de oitenta palavras classificava os grevistas de quadrilha de malfeitores e facultava ao exército o direito de matá-los a bala.

  • a) A expressão “muitos anos depois”, recorrente nos trechos, é também recorrente na narrativa; por ela o leitor sabe sobre a posição restrita dos muitos narradores do romance em relação ao seu conhecimento do passado, do presente e do futuro da história contada, além disso, pela expressão, evidencia-se a incapacidade desses narradores de acessarem ações, pensamentos e sentimentos dos personagens nos vários tempos mencionados.
  • b) A tensão entre os protagonistas do romance e seus inimigos, tensão presente em dois dos trechos, é recorrente em toda narrativa; a violência decorrente dessa tensão é abordada de modo onisciente pelo narrador, que dialoga criticamente com a história oficial, a qual é representada, no romance, como expressão do poder sociopolítico-econômico, imperialista, conservador e antipopular colombiano.
  • c) O conflito entre a versão familiar e a versão oficial dos fatos é recorrente nos trechos e na narrativa; esta atravessa em detalhes a vida das gerações de uma única família colombiana, proporciona aos membros dessa família o direito de narrar suas próprias vivências, em primeira pessoa, explicitando a violenta história oficial, imperialista, conservadora e antipopular colombiana, que invariavelmente os oprime.
  • d) A tensão entre sanidade mental e loucura, presente num dos trechos, é recorrente em toda narrativa; esta é construída por um narrador onisciente, que transita pelos diversos tempos, narrador que, contudo, prefere manter silêncio sobre as mentiras da história oficial colombiana, inscrita nos livros escolares, a qual tenta se impor, via narrador, como a única versão racional e sadia da realidade do país.
  • e) O contraste entre passado e presente, recorrente nos três trechos, é recorrente também na narrativa; esta procura apresentar, de modo isento, as diversas versões da história oficial colombiana, sob a ótica narrativa e comprometida de diversos membros de uma única família de classe alta, ao longo de uma cronologia linear, sem idas e vindas, cujo resultado é atenuar o contraste entre as várias versões.
#228570
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(1,0) 9 - 

Leia o seguinte trecho do conto A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa.

[...] E aí o jumento andou, e Nhô Augusto ainda deu um eco, para o cerrado ouvir:

– “Qualquer paixão me adiverte...” Oh coisa boa a gente andar solto, sem obrigação nenhuma e bem com Deus!...

E quando o jegue empacava – porque, como todo jumento, ele era terrível de queixo-duro, e tanto tinha de orelhas quanto de preconceitos, – Nhô Augusto ficava em cima, mui concorde, rezando o terço, até que o jerico se decidisse a caminhar outra vez. E também, nas encruzilhadas, deixava que o bendito asno escolhesse o caminho, bulindo com as conchas dos ouvidos e ornejando. E bastava batesse no campo o pio de uma perdiz magoada, ou viesse do mato a lália lamúria dos tucanos, para o jumento mudar de rota, perdendo à esquerda ou se empescoçando para a direita; e, por via de um gavião casaco-de-couro cruzar-lhe à frente, já ele estacava, em concentrado prazo de irresolução. ROSA, João Guimarães. A hora e a vez de Augusto Matraga. In:___. Sagarana. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 38 ed, 1984. p. 378.

O conto A hora e a vez de Augusto Matraga está localizado no espaço preferido do autor Guimarães Rosa: o sertão do norte de Minas Gerais (mas há também paisagens do sul da Bahia). O espaço favorece a construção de personagens bem típicos como jagunços, peões e fazendeiros. Tanto a psique quanto a linguagem das pessoas desse lugar aparecem matizadas pelas pressões e necessidades desse ambiente. A obra, porém, não se submete ao determinismo simplista que se limita a procurar ecos da realidade social, econômica e política na configuração ideológica dos personagens. A respeito desse conto, assinale a alternativa correta.

  • a) Como filho do Coronel Afonsão Esteves, das Pindaíbas e do saco-do-embira, Nhô Augusto tomou para si a tarefa de recuperar a honra do pai, que se colocara na “política do lado que perde”, as “terras no desmando, as fazendas escritas por paga”.
  • b) Esse fragmento de texto é uma metonímia da psique do protagonista. O pensamento leve que o toma nesse instante é revelador da personalidade do menino que ainda é temente a Deus, pautando suas atitudes pelo respeito às regras cristãs mesmo depois de adulto.
  • c) O coloquialismo da linguagem de Guimarães Rosa, presente na frase “Qualquer paixão me adiverte...” metaforiza a serenidade e a humildade de patrão, que, embora tenha sido educado em escolas da capital, prefere o convívio e a linguagem dos peões que administra, donde também deriva o motivo de seu nome de batismo: Augusto.
  • d) A trajetória de desafios enfrentados para alcançar a santidade, tão bem explorados no conto, é coroada pela violenta morte que sucede a batalha contra Joãozinho Bem-Bem.
  • e) No sertão mítico de Guimarães Rosa, os animais são sagrados, possuem poderes mágicos e alguns têm a capacidade de prever o futuro. Tal é o caso desse fragmento de texto tirado dos primeiros momentos da narrativa, quando Augusto Matraga concede ao jegue o poder de decidir o destino do protagonista.
#228571
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(1,0) 10 - 

Leia o texto a seguir.

Reflexões sobre o Romance Moderno

[...] A hipótese básica em que nos apoiamos é a suposição de que em cada fase histórica exista certo Zeitgeist, um espírito unificador que se comunica a todas as manifestações de culturas em contato, naturalmente com variações nacionais. Falamos nestas páginas da “cultura ocidental”, não tomando em conta as diversificações nacionais.

[...] A segunda hipótese sugere que se deva considerar, no campo das artes, como de excepcional importância o fenômeno da “desrealização” que se observa na pintura e que, há mais de meio século, vem suscitando reações pouco amáveis do público. O termo “desrealização” se refere ao fato de que a pintura deixou de ser mimética, recusando a função de reproduzir ou copiar a realidade empírica, sensível. Isso, sendo evidente no tocante à pintura abstrata ou não-figurativa, inclui também correntes figurativas como o cubismo, expressionismo ou surrealismo. Mesmo estas correntes deixaram de visar a reprodução mais ou menos fiel da realidade empírica. Esta, no expressionismo, é apenas “usada” para facilitar a expressão de emoções e visões subjetivas que lhe deformam a aparência; no surrealismo, fornece apenas elementos isolados, em contexto insólito, para apresentar a imagem onírica de um modo dissociado e absurdo; no cubismo, é apenas ponto de partida de uma redução a suas configurações geométricas subjacentes. Em todos os casos podemos falar de uma negação do realismo, se usarmos este termo no sentido mais lato, designando a tendência de reproduzir, de uma forma estilizada ou, não, idealizada ou não, a realidade apreendida pelos nossos sentidos.

ROSENFELD, Anatol. Reflexões sobre o romance moderno. In:___. Texto/contexto I. 5 ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. p. 75-97.

O curta metragem Dossiê Rê Bordosa (2008), dirigido por Cesar Cabral, explora o lúdico como estratégia de significação. Os elementos de linguagem de animação cinematográfica e a seleção dos planos, dos movimentos e das imagens registradas/apresentadas pela câmera favorecem as (re)interpretações do real possíveis ao telespectador. Tendo como base teórica as reflexões extraídas do texto de Anatol Rosenfeld (1996), importante crítico e teórico de teatro germano-brasileiro, assinale a alternativa correta sobre essa obra audiovisual.

  • a) Consoante à crítica de Anatol Rosenfeld, pode-se dizer que as imagens em movimento do filme estão em oposição às mensagens verbais utilizadas nas tirinhas escritas, o que deforma a leitura dos elementos da contracultura e do imaginário modernos.
  • b) A protagonista de Dossiê Rê Bordosa é uma forma “desrealizada”, mas objetiva, de uma mulher do movimento de Contracultura do século XX.
  • c) A animação produz uma desrealização da figura feminina, exaltando os valores da cultura moderna.
  • d) Dossiê Rê Bordosa se relaciona com as reflexões propostas por Anatol Rosenfeld, já que, enquanto representação audiovisual, produz o fenômeno da desrealização e suscita leituras críticas da contemporaneidade.
  • e) A animação pode ser considerada um exemplo de expressão artística contemporânea do fenômeno de “desrealização”, o que a distancia de pinturas abstratas ou não figurativas, como as do cubismo, do expressionismo e do surrealismo.