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Leia o poema “O apanhador de desperdícios”, de Manoel de Barros:
1. Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
5 às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes.
e aos seres desimportantes.
10 Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
15 Para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios.
Amo os restos
20 como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
25 Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Leia as afirmativas a seguir, feitas sobre o texto:
I. O poeta não se sente à vontade no mundo contemporâneo, repleto de tecnologia.
II. O poeta considera que a Ciência é um valor maior que a Natureza,lastimando não poder entendê-la.
III. O poeta, por não se integrar ao mundo, se sente desprezível, daí se comparar às moscas.
IV. A poesia é uma linguagem que usa as palavras do cotidiano, mas sem a finalidade de informar.
V. No verso 25 (“Só uso a palavra para compor meus silêncios”) observa-se a figura de linguagem conhecida como paradoxo.
Assinale a alternativa correta: