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O autor do artigo estabelece, logo no início do texto, uma qualidade de exceção ao ex-prefeito de Juiz de Fora. Como estratégica de construção do artigo, a palavra “fenômeno” ganha um sentido irônico ao longo do próprio parágrafo que acaba nos revelando:
O autor utiliza um recurso de repetição no meio do parágrafo (como acontece sempre) que enfatiza um aspecto importante para o reforço da idéia a ser desenvolvida. Isso demonstra, na seqüência, que ele:
Quando o autor nos fala da apresentação do documento como defesa do ex-prefeito, abrindo um travessão a seguir (– a já tradicional venda de uma ‘fazenda’, variante da venda de bois, cavalos etc.), este recurso enfatiza um aspecto:
Em “...ficou claro que o dinheiro lhe fora entregue em troca da concessão de diversos aumentos no preço das passagens municipais de ônibus”, as duas orações estão direcionadas a termos acessórios que praticamente complementam o sentido da frase, isso porque:
Em “Contra todas as expectativas, o homem teve de voltar ao presídio”, a oração se encontra estrategicamente colocada em que posição e com que objetivo semântico?
Ao experimentar novas técnicas narrativas, Machado de Assis, em Memórias póstumas de Brás Cubas, estabelece um campo de observação privilegiado que dá ao narrador uma sintonia nervosa em relação ao leitor, isto porque:
O narrador em Vidas secas praticamente desaparece num meio descrito em sua crueza e realismo, sujeitando os personagens a seguir uma espécie de destino inexorável, mas que justamente, por outro lado, não perde de vista a condição humana que se debate num ambiente hostil. Poderíamos afirmar que:
A variedade folclórica descrita em Macunaíma propõe o reconhecimento de um Brasil ainda em formação, por meio de um personagem que se tornará símbolo, em nossa literatura, de um processo do qual:
Em Seringal, de Miguel Ferrante, a narrativa se constitui, dentro de uma tradição regionalista amazônica, por meio de vários painéis que procuram reproduzir uma espécie de momento heróico de ocupação no momento do predomínio da monocultura da borracha. Esses personagens acabam de alguma maneira reduzidos na sua configuração psicológica porque:
A poesia de Carlos Drummond de Andrade se caracterizou desde o início por uma postura de deslocamento em relação ao mundo. No poema “José”, é inevitável a percepção de um esgotamento, de uma finitude de valores vivida ao extremo (E agora José?), porque nesse caso:
Observe o fragmento abaixo de um conto de Clarice Lispector:“Nas árvores as frutas eram pretas, doces como mel. Havia no chão caroços secos cheios de circunvoluções, como pequenos cérebros apodrecidos. O banco estava manchado de sucos roxos. Com suavidade intensa rumorejavam as águas. No tronco da árvore pregavam-se as luxuosas patas de uma aranha. A crueza do mundo era tranqüila. O assassinato era profundo. E a morte não era o que pensávamos. Ao mesmo tempo que imaginário – era um mundo de se comer com os dentes, um mundo de volumosas dálias e tulipas. Os troncos eram percorridos por parasitas folhudos, o abraço era macio, colado. Como a repulsa que precedesse uma entrega – era fascinante, a mulher tinha nojo, e era fascinante. As árvores estavam carregadas, o mundo era tão rico que apodrecia. Quando Ana pensou que havia crianças e homens grandes com fome, a náusea subiu-lhe à garganta, como se ela estivesse grávida e abandonada. A moral do jardim era outra. Agora que o cego a guiara até ele, estremecia nos primeiros passos de um mundo faiscante, sombrio, onde vitórias-régias boiavam monstruosas. As pequenas flores espalhadas na relva não lhe pareciam amarelas ou rosadas, mas cor de mau ouro e escarlates. A decomposição era profunda, perfumada... Mas todas as pesadas coisas, ela via com a cabeça rodeada por um enxame de insetos, enviados pela vida mais fina do mundo. A brisa se insinuava entre as flores. Ana mais adivinhava que sentia o seu cheio adocicado...O jardim era tão bonito que ela teve medo do Inferno.” (LISPECTOR, C. Amor. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. P. 25)A personagem Ana, uma dona de casa comum, tem um momento privilegiado de revelação quando desce errado do ponto e acaba indo parar quase sem querer no Jardim Botânico. Neste momento, várias imagens vão configurando um universo de sensações inesperadas em contato com uma natureza que sempre esteve no mesmo lugar. Por que agora a percepção desse mundo se torna diferente?
Quando o narrador descreve as percepções da personagem e seqüencia três sentenças conclusivas de um estado de espírito (A crueza do mundo era tranqüila. O assassinato era profundo. E a morte não era o que pensávamos), o verbo “ser” funciona como:
Nas sentenças “Os troncos eram percorridos por parasitas folhudos, o abraço era macio, colado. Como repulsa que precedesse uma entrega – era fascinante, a mulher tinha nojo, e era fascinante”, o travessão encerra uma relação íntima com a natureza ao mesmo tempo assustadora, já que ela:
Em “...o mundo era tão rico que apodrecia.”, a antítese revela uma extraordinária capacidade de percepção da personagem porque:
Quando a personagem pensa nas crianças e nos homens grandes com fome, há uma reversão de perspectiva de sentimentos em relação àquele universo que acaba lhe subindo uma náusea na garganta e a moral do Jardim Botânico se torna outra. Depois de uma série de novas percepções espantosas, ela termina com uma sentença terrível: “O jardim era tão bonito que ela teve medo do Inferno.” Desta maneira, fica estabelecido no fragmento que a personagem terá de:
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