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“A lição de alguns gramáticos de que a vírgula serve para marcar pausas é singela e incompleta. Há pessoas que sofrem de bronquite e fazem pausas fora do compasso. Outras soluçam e gaguejam. O fato é que a pausa oral nem sempre corresponde à pontuação.
Para exemplificar, nos tempos do grande marajá cassado, a emissora quase oficial da tevê punha repórteres para acompanhá-lo em suas galopadas de fim de semana cheias de camisetas com dizeres estimulantes. Às vezes, enquanto galopava, dava entrevistas cheias de fé e orgulho sobre a terra em que nasceu e se deu tão bem. Se fossem marcar as pausas ofegantes do quase imperador e do repórter por vírgulas, o papo reduzido a trote, pó-co-tó, pó-co-tó, por escrito, seria mais ou menos assim:
---- Como, está, a, coisa, Vossa Majestade? Pó-co-tó, pó-co-tó.
---- A, coisa, vai, pó-co-tó, pó-co-tó.
---- Para, onde, Majestade? Pó-co-tó, pó–co- tó.
Para, a!... Depois, eu, conto, pó-co- to, pó-co-tó.
Boa noite do locutor, com sorrisão.
Como se vê, não fica bem; a vírgula merece respeito.”
MACHADO, Josué. Manual da falta de estilo.
Julgue as assertivas abaixo:
I. Na frase: “Há pessoas que sofrem de bronquite”. O verbo “haver” não foi flexionado porque está no sentido de “existir”.
II. No texto há um parágrafo que foi colocado como forma de exemplificar.
III. O “Se”, que aparece no 3º parágrafo, é um pronome apassivador.
IV. A palavra “outras”, presente no 1º parágrafo, tem a função de substantivo.