1 Cinco séculos atrás, a Europa enforcava a gentalha
e reservava aos nobres a decapitação, considerada o modo de
matar mais aristocrático, sobretudo quando executado com
4 uma espada. Nos EUA de hoje, o método se democratizou —
uma injeção letal para todos —, mas a base de executados
continua desigual. Segundo o mais recente levantamento
7 feito pelo Departamento de Justiça americano, em mais da
metade dos casos de sentenças de morte os condenados são
negros, e 90% das execuções ocorrem em prisões sulistas.
10 Foi em meio a esse infindável debate universal que o
pequeno estado de New Jersey decidiu estrear 2008 como o
primeiro do país, após mais de três décadas, a banir a pena
13 de morte. A abolição foi aprovada pela assembléia legislativa
por 44 votos a 36. Para os legisladores, foi um voto de pouco
risco político, pois 51% da população já haviam manifestado
16 sua preferência pela prisão perpétua sem sursis. Ademais, o
voto estava ancorado em um estudo de 100 páginas, feito por
uma comissão multidisciplinar de treze membros,
19 que chegou a duas conclusões básicas. Primeiro, que,
financeiramente, a manutenção do aparato da pena de morte
tem saído cara demais para os cofres do estado —
22 250 milhões de dólares. E, em segundo lugar, porque a pena
capital não serviu como fator de dissuasão de assassinos. O
determinante, para o criminoso de sangue frio, seria a
25 convicção de não ser apanhado, e não a natureza do castigo
que o aguarda.
Piauí, n.º 16, ano 2, jan./2008, p. 70 (com adaptações)
A partir da leitura do texto apresentado, julgue os itens subseqüentes.