I - O Irã continuará a enriquecer urânio a 20%, suficiente para produção de isótopos médicos em seus reatores, mesmo após a assinatura do acordo de troca de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear. O anúncio deve fortalecer o ceticismo do Ocidente e dar mais argumentos para as potências que insistem em nova rodada de sanções contra o programa nuclear iraniano. O enriquecimento incitou uma campanha dos Estados Unidos por uma quarta rodada de sanções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). EUA têm apoio do Reino Unido, França e Rússia, mas ainda enfrenta a resistência da China.
II - O então Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse, à época, que é contra sanções ao Irã e é impossível para o Irã atender à exigência de potências internacionais em provar que seu programa nuclear não tem fins militares. Isto equivale, na opinião do chanceler, a produzir uma prova negativa. 26 Amorim comparou a situação iraniana à do Iraque, que "não provou não ter" armas químicas e armas nucleares e que por isso foi invadido.
"Voltamos ao problema central do Iraque, que é a prova negativa - querer que um país prove que não fez [algo]. Isto é muito difícil, para não dizer impossível. Acompanhei essa questão no Iraque. (...) Mesmo quando a AIEA já tinha dito que o Iraque não tinha essas armas, continuava-se dizendo que ele não tinha provado que não tinha um programa nuclear. Para provar, morreram 300 mil, 400 mil pessoas (os números são variáveis) e não se encontrou nada. Foi um preço um pouco alto para o mundo e é isso que queremos evitar", disse o ministro.