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Questões comentadas Corpo de Bombeiros-RJ (CBMERJ) de Português | 33901

#33901
Banca
. Bancas Diversas
Matéria
Português
Concurso
Corpo de Bombeiros-RJ (CBMERJ)
Tipo
Múltipla escolha
médio

(1,0) 1 - 

(FUMARC TJ MG/2013) 

A primeira explicitação das normas ortográficas da língua portuguesa, que está próximo de completar

500 anos, apenas sofreu alterações a partir do início do século passado. É admirável haver numerosas

gramáticas dos séculos XVI a XIX que atestam a evolução estrutural da língua, enquanto se continua a usar

o mesmo conjunto de regras ortográficas por quase 400 anos. [4]

 Com efeito, data de 1536 a célebre Grammatica da lingoagem portuguesa, título em cujos cinquenta

capítulos Fernão de Oliveira descreve, entre vários outros aspectos da língua de sua época, a articulação

dos sons e as formas gráficas que se prestariam a sua representação. É interessante observar que, antes da

publicação dessa obra exordial, a língua portuguesa era escrita segundo ortografias de orientação

especialmente latinizante, a exemplo do que também se praticava em quase todos os demais vernáculos que

já se haviam diferenciado no mundo neolatino. A exceção ao conjunto é o espanhol, que, em 1517, recebeu

o primeiro conjunto de regras ortográficas, também baseadas em diretrizes sonoras e etimológicas. [11]

 Por outro lado, o trabalho de Oliveira não fez, naturalmente, que se eliminasse de imediato toda

oscilação ortográfica dos textos portugueses. As edições d'Os Lusíadas publicadas em 1572, por exemplo,

coligem diversas formas variantes, e somente o tempo levaria à decisão em favor de uma delas mediante a

consideração de argumentos etimológicos, fonéticos e até mesmo pragmáticos. Em qualquer época,

contudo, a ortografia corresponde a uma tentativa imperfeita de registro escrito de um sistema

essencialmente dinâmico e complexo: a língua exercida por uma comunidade, caracterizada por seus

dialetos e pelos traços sociais de seus falantes. [18]

 Somente no início do século XX ocorreu um esforço conjunto entre as Academias de Letras do Brasil

e de Portugal, no sentido de se uniformizarem as grafias oficiais nos dois países. Como fruto desse trabalho,

vêm a lume, em 1911, os termos da primeira proposta de acordo ortográfico da língua portuguesa;

entretanto, sua aplicação foi dificultada por múltiplos fatores, desde o nível acadêmico até o político. Houve

tentativas de se retomarem as linhas mestras desse documento em 1915 e em 1931, mas somente em 1943

se avança, no Brasil, em caráter efetivo. A convenção ratificada pela Academia Brasileira de Letras não

apenas transforma dígrafos em sinais simples, como também implementa a acentuação distintiva para

homófonos homógrafos e o uso de trema – aspectos estes que foram revistos, como se sabe, no último

Acordo Ortográfico. [27]

 Apesar de envolverem comissões representantes dos mesmos países lusófonos, as decisões

posteriores nem sempre foram acatadas bilateralmente. Assim é que, por exemplo, as diretrizes que

compõem o Acordo de 1945 não foram aceitas no Brasil, e foi necessária a promulgação de lei específica,

em 1971, para reduzir as dissonâncias ortográficas verificadas entre as grafias oficiais vigentes nos dois

lados do Atlântico. [32]

 Em sua essência, o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 2009, pouco apresenta de

efetivamente novo em relação ao disposto no encontro multinacional de países falantes da língua portuguesa

ocorrido em 1990. O documento é alvo de críticas particularmente severas – e absolutamente pertinentes feitas por acadêmicos, as quais se sustentam no argumento de que há um equívoco reducionista e

inadmissível no âmago do Acordo. Essa questão compromete o princípio em que se apoia a própria

concepção de toda a proposta, e tem motivado discussões e análises que apontam a necessidade de revisão

de seus termos. Em bom português: uma língua não é apenas o que se escreve em atendimento a

convenções artificiais, mas fundamentalmente um quadro complexo e pluricêntrico que abarca todas as

comunidades de fala. [41]

Segundo o texto, um dos pontos previstos no último Acordo Ortográfico é ;

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